quarta-feira, 13 de julho de 2016

Com fechamentos e recuperações, setor moveleiro reflete crise Fonte: fetraconspar.org.br

Em um semestre, Arapongas fecha quatro fábricas de móveis. Faturamento no setor caiu até 10% neste ano, após retração de 15% em 2015; outras três empresas pediram recuperação judicial.


Com quatro indústrias fechadas e mais três em recuperação judicial, o setor moveleiro instalado em Arapongas dá demonstrações mais claras do efeito da crise econômica do Brasil. Segundo o presidente do Sima (sindicato que representa a indústria moveleira), Irineu Munhoz, o faturamento das empresas caiu entre 8% e 10% este ano, após registrar retração de 15% em 2015.

Na semana passada, a Fiasini encerrou as atividades, demitindo mais de cem funcionários, após mais de 20 anos de mercado. Ela se soma à Vamol, que produzia móveis para salas; à Modocasa, responsável por linhas para cozinhas; e à Cheville – de menor porte, atuava como fornecedora para as outras empresas. Todas fecharam neste ano.

Ao portal Bonde, Munhoz afirmou que a ModoCasa e a Vamol, do mesmo grupo de sócios, já vinham enfrentando dificuldades financeiras, que se acentuaram no último ano. A FOLHA deixou recado ontem na Vamol solicitando entrevista, mas ninguém retornou a ligação até o fechamento. As ligações para a Cheville caíram na caixa postal e as chamadas para a Fiasini caíam diretamente no sinal de fax.
Arapongas tem o segundo maior polo moveleiro do Brasil e o maior do Paraná, com 172 empresas. De acordo com Munhoz, emprega cerca de 10 mil pessoas, mesmo com as demissões registradas com os fechamentos de fábricas. O site da Sima contabiliza que o número de empregos diretos já passou de 12 mil somente em Arapongas. O polo moveleiro representa cerca de 9% da produção nacional.
O setor sofre com a atividade econômica interna desaquecida. A exportação foi uma saída viável que teve impacto maior para quem passou a vender para outros países no ano passado, quando o dólar disparou além dos R$ 4. Nos últimos meses, com relativa baixa do dólar, mesmo as exportações perderam lucratividade.



Ainda apostando


Pelo menos três empresas moveleiras optaram por buscar a recuperação judicial como alternativa ao fechamento das portas e demissões em massa: a Simbal, dona da varejista Darom Móveis; a Aramóveis; e a Móveis Belo. Recuperação judicial é um mecanismo jurídico para empresas que passam por dificuldade financeira temporária e que demonstram que suas atividades são viáveis. Para isso, precisam apresentar um plano de recuperação, que, se aprovado pelos credores e pela Justiça, é executado com supervisão judicial. Segundo explicou à FOLHA o advogado Júlio César Rodrigues, na semana passada, "o objetivo é preservar a empresa como fonte geradora de empregos e de impostos".

A diretora executiva da Móveis Belo, Rosana Belo de Freitas, explica o que levou a empresa, fundada há mais de 35 anos, a buscar a recuperação judicial: "O mercado está totalmente recessivo e os bancos cortaram os créditos", afirma. O valor da dívida declarada não foi informado.

Sem crédito e com os salários arrochados, o consumidor não compra, reduzindo a receita da empresa, que tem de pagar funcionários, impostos e outros custos. Além disso, compradores da empresa também entraram em recuperação judicial, ou seja, também não pagaram o que deviam. Com isso, desde agosto passado, a Belo, que chegou a empregar mais de 200 e hoje tem 110 funcionários, começou a sentir o baque e, em março, teve o pedido acatado pela Justiça.


O grupo Simbal entrou com pedido de recuperação judicial em julho do ano passado e cita como fatores a falta de incentivos fiscais, a carga tributária elevada e a queda de consumo. Tudo isso levou a um corte de funcionários. De 1.600, hoje o grupo conta com cerca de 1000. A dívida declarada, na ocasião, chegava a R$ 193 milhões. A FOLHA também procurou a Aramóveis, mas, segundo o setor administrativo, os sócios da empresa estão em viagem e não puderam ser contatados.

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