sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Igreja condena participação de padres na política e alguns já desistem de candidaturas

Um padre, filiado ao PT, desistiu de sua candidatura para prefeito nas eleições de outubro por conta da cartilha da Conferência Nacional dos Bipos do Brasil (CNBB), que proíbe expressamente a participação padres no pleito deste ano. Como será que o padre Carlos Góes, de Maués, justifica a manutenção da candidatura, mesmo contra a recomendação da Igreja à qual ele fez seus votos? Ou será que estes votos não foram tão levados a sério assim por ele?
Uma determinação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) mudou o quadro político no município de Picos (306 quilômetros ao Sul de Teresina) e chama a atenção para as restrições impostas pela Igreja Católica à participação de sacerdotes na política.
O padre Walmir Lima, também filiado ao PT, desistiu de sua candidatura competitiva a prefeito nas eleições de outubro próximo por conta da cartilha da CNBB, que proíbe expressamente a participação padres no pleito deste ano.
O documento da titlea cúpula da Igreja Católica chama a atenção para a participação de padres na política. No Piauí, vários deles já se enveredaram na política, mas a maioria não obteve êxito nas gestões e alguns enfrentam hoje processos nas áreas administrativa e penal.
Hoje, dois sacerdotes exercem mandatos de prefeito – o padre Herculano Negreiros, prefeito de São Raimundo Nonato, e o padre Domingos Cavaleiro, de Domingos Mourão. Os dois enfrentam ou já enfrentaram problemas com a Justiça. Padre Herculano é acusado de improbidade administrativa no uso de recursos federais e está em vias de perder o mandato por irregularidades na prestação de contas de recursos de convênios federais. Ele foi condenado à perda do mandato pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região e se mantém no cargo graças a recursos.
O prefeito de Domingos Mourão, padre Domingos Cavaleiro, por sua vez, foi preso há dois anos, acusado de pedofilia, depois de ser denunciado pelo Ministério Público. Ex-prefeito de Dom Inocêncio, padre Manoel Lira teve recentemente uma condenação pela 1ª Câmara Especializada Cível do Tribunal de Justiça do Piauí. O Tribunal negou seguimento da apelação de decisão que condenou o ex-prefeito a devolver R$ 1 milhão para os cofres públicos municipais e á cassação de seus direitos políticos por oito anos. Ele também ficou proibido de fazer contratos com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios por dez anos.
A decisão da 1ª Vara Especializada Cível do Tribunal de Justiça manteve a decisão do juiz da 2ª Vara da Comarca de São Raimundo Nonato, que anulou o ato administrativo do padre Manoel Lira Parente.
Ele foi denunciado por supostamente, como prefeito, ter transferido o prédio de uma escola pública municipal em nome de Maria da Conceição Leal, para a Fundação Ruralista. Padre Lira foi prefeito da cidade em três legislaturas, sendo a última no período de 2005 a 2007. A Fundação Ruralista era coordenada pelo padre e sempre prestou serviços relevantes para o município no apoio a pequenos agricultores e convivência com a seca.
Em Patos de Minas a Diocese local soltou uma nota com alguns esclarecimentos, sobre a declaração partidária do padre Jorge Luís Costa veiculada no guia eleitoral no dia 5 de setembro, para as eleições municipais. Veja a íntegra da nota:
1)    Não é missão da Igreja “indicar” aos seus fiéis partidos ou candidatos, a escolha deve ser livre por parte de cada cidadão, assim como preza a democracia.
2)    A igreja toma parte na politica exercendo seu papel de ajudar o povo a fazer escolhas conscientes usando critérios éticos para escolher seus representantes públicos.
3)    O pronunciamento público do Pe. Jorge Luís Costa em guia eleitoral não manifesta  em hipótese alguma a postura da Diocese de Patos na sua participação politica, trata-se de uma opinião pessoal de quem a fez, e jamais poderá ser usada como  posicionamento da Igreja.
4)    A Igreja Católica tem se interessado sempre pela vida política e buscado um diálogo saudável para o bem das pessoas. Por isso, não permite a nenhum padre utilizar-se do titlear, da pregação e de nenhuma outra forma de ação religiosa, enquanto padre, para atacar ou indicar, denegrir nem criticar partido ou político nenhum.
5)    O direito canônico (cân. 285, 3; 286; 287, 2) proíbe o padre: de assumir cargos públicos que implicam participação no exercício do poder civil e de ter parte ativa nos partidos políticos.
6)    A missão do Padre é servir ao povo que lhe foi confiado, construindo unidade e dialogo com todos, tomar partido implica causar divisão e isto contradiz a missão do sacerdote.
         Portanto, desaprovamos publicamente as declarações politicas do referido sacerdote e qualquer outro membro do clero diocesano que venha a tomar atitude semelhante. A diocese de Patos não tem vinculação partidária e por isso isenta-se de qualquer indicação a eventuais candidatos. Reafirmamos a postura da CNBB em nota divulgada sobre as eleições municipais na 50ª Assembleia Geral; “Inspira-nos a palavra do papa Bento XVI ao afirmar que a sociedade justa, sonhada por todos, “deve ser realizada pela política” e que a Igreja “não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça” (Deus Caritas Est 28). Para o cristão, participar do processo político-eleitoral, impulsionado pela fé, é tornar presente a ação do Espírito, que aponta o caminho a partir dos sinais dos tempos e inspira os que se comprometem com a construção da justiça e da paz.”
        Lembramos ao  povo a responsabilidade em fazer as escolhas de seus representantes públicos nas próximas eleições de outubro. Votar é exercer a cidadania, e escolher bem os seus representantes deve ser um compromisso cristão.
        Cúria Diocesana de Patos, 6 de setembro de 2012.

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