Há
pelo menos 50 anos, especialistas em todo o mundo observam o aumento da
mortalidade por doença cardiovascular durante o inverno. Em Arapongas, segundo
dados da Funerária Prever, em janeiro 26 idosos
veio o óbito, no mês de junho as mortes chegaram
a 64.
Segundo
o cardiologista Luiz Antonio Machado César, as temperaturas mais frias, com
médias diárias abaixo de 14ºC, ocorre um aumento de até 30% nos casos de morte
por infarto do miocárdio. O clima frio desencadeia também outras doenças
cardiovasculares, como acidente vascular cerebral, angina e arritmias
cardíacas, que têm a poluição atmosférica como outro dos agentes responsáveis.
Pessoas que apresentam colesterol elevado, hipertensão arterial, diabetes,
tabagistas e idosos são as mais vulneráveis.
A
exposição intensiva ao frio pode acarretar o aumento da pressão sanguínea,
enquanto que os níveis de poluição afetam a variabilidade da frequência
cardíaca, podendo causar arritmias.
“
Alguns pesquisadores atribuem esse efeito ao número de horas de sol, no inverno
e no verão, porém as temperaturas elevadas também são responsáveis por
alterações fisiológicas, como um aumento da viscosidade sanguínea pela
desidratação e do débito cardíaco, levando à hipotensão e aumento do trabalho
cardíaco” explica o médico.
Outro fator que merece atenção é a variação súbita
da temperatura. Conhecido como choque térmico, a transição de um ambiente muito
aquecido para um lugar mais frio pode desencadear alterações cardíacas.
A
taxa de mortalidade em idosos durante o inverno sempre foi superior – cerca de
50% a mais – e, no verão, mais baixa do que nas outras estações do ano,
independentemente da idade e sexo. Os mecanismos envolvidos nesse fenômeno não
são ainda claramente entendidos, no entanto, diversos autores atribuem o
aumento da mortalidade nos dias frios principalmente à redução das
temperaturas”.
O cardiologista ainda ressalta também em seus
estudos que são necessárias novas investigações para melhor compreensão do
papel desempenhado pelo meio ambiente, especialmente de fatores como a
temperatura e as infecções respiratórias, na gênese do infarto. Alguns
mecanismos têm sido elucidados, como uma espécie de reação em cadeia. Por
exemplo, com uma infecção, o nosso organismo fica em estado maior de inflamação
e isto piora a inflamação das placas de aterosclerose, propiciando maior chance
de haver rupturas e infarto do miocárdio. Tanto que, ao se vacinar contra a
gripe no outono, reduz-se a taxa de infarto no inverno, especialmente nos
idosos.
“Ao sentir o frio, os receptores nervosos da pele
estimulam a liberação de adrenalina e noradrenalina, este último um hormônio
responsável por contrair os vasos sanguíneos. Com o consequente estreitamento
dos canais de circulação do sangue, embora não tão significativo, pode gerar
rupturas de placas de gordura, no interior das artérias coronárias, que irrigam
o coração. Neste processo, as proteínas e plaquetas do sangue são designadas
para reverter o quadro, e isto aumenta as chances de formar coágulos. Eles que
são responsáveis pelo entupimento das artérias e podem causar infarto do
miocárdio”
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